Seja nas luas minguantes, mudanças de estações ou mais popularmente nas viradas de ano, devotos, simpatizantes, ‘macumbeiros’ ou neopagãos de plantão logo se armam para cuidar da tradicional limpeza mágica nas casas, para abrir espaço ao novo… livre de urucas no lar, energias pesadas, miasmas e toda a carga negativa que, às vezes, perduram o ano todo.
Excelente! Nada contra a idéia. Aliás, ao contrário… sou até uma grande incentivadora e praticante dessas “faxinas de alma”, hehehe. Porque, no fundo, o que vale mesmo é essa dedicação bonita de nos preparamos para recomeçar. E, para tanto, é fundamental a correta manipulação energética, por meio de recursos e utensílios específicos, que sirvam para desmaterializar e erradicar todo o fluído ruim em torno do ambiente, né?
Sendo assim: vale de tudo: há quem curta defumação… com turíbulo ou lata furada, carvão e ervas secas, ou mesmo incenso ou essências queimadas… Há quem curta a magia do fogo e usa velas, pequenas tochas, até fogaréus para queimar toda a negatividade… Há também os preparados de ervas, essências e outros líquidos que, misturados com água, são dissolvidos no preparado de uma solução para ser passada com rodo e pano de chão em toda a casa. Claro, não esqueço aqueles que preferem trabalhar com instrumentos sagrados… vassouras, véus, até punhal ou adagas que passam e cortam todo o mal impregnado nos arredores. Uouuu… Muitas são as formas e os meios para trabalhar esse tipo de magia. O segredo, de fato, é escolher a alternativa de maior afinidade e identidade e, antes de mais nada, tomar alguns cuidados…
Não quero aqui ficar dando receitinhas de limpezas e nem tenho a pretensão (nem vontade, rs!) de ensinar ninguém a nada. O objetivo desse post, na verdade, é apenas alertar a cerca de uma prerrogativa, primordial, que frequentemente é negligenciado pela esmagadora maioria que se lança em empreitadas como essa: o encaminhamento dessas “nhacas!”, vamos chamar assim.
É só pensar no seguinte: quando a gente quer se livrar de uma coisa que não nos serve mais, o que fazemos, materialmente?
Tiramos do lugar onde ela estava, colocamos para fora de nossa casa e, simplesmente, deixamos no portão de casa para ficar ali, largado… a mercê da sorte de alguém passar por ali e levar embora?? Não!!! Quando realmente queremos nos livrar de algo, nós não apenas tiramos essa coisa do lugar como também as encaminhamos. Tiramos de dentro das nossas casas, mas já a destinamos para algum local (doamos, despachamos para o lixeiro levar…) de forma a termos garantia que aquela “tralha” não vai nos incomodar de novo, certo?
Pois bem, com a limpeza espiritual é a mesma coisa!!
Se as pessoas decidem limpar suas casas de possíveis demandas e energias ruins e negativas e que possam estar sobre o ambiente, provavelmente, subentende-se que elas vão – indiretamente – “enxotar” alguma entidade, espírito (ou o nome que quiserem dar!) que se sustentam desses fluídos degenerativos para se manter no ambiente. Assim, usando o seu método favorito de faxina espiritual, o elemento escolhido vai agir sobre o miasma, as cargas negativas, vai servir para retirar a fonte que alimenta essas más influências, os seres que só sugam as boas energias… E, se a limpeza parar por ai e não der conta de encaminhar esses fluídos, conduzindo aqueles que não querem perder o encosto do nosso lar, o que restará para essas entidades, senão vagar ao redor de sua casa, de sua família, a espera da primeira brecha, uma nova abertura psíquica, para se reapoderarem da área???
Como médium de transporte de Umbanda, filha de um Psicopompo, que leva uma vida de Constantine como a minha, eu pergunto: o que fazer então com essa “galera” que a gente enxota de dentro de nossas casas, mas que no fim, estão por aqui porque no fundo não tem para onde ir? Já que são espíritos sofredores que vagam perdidas…
Bom, eu recomendo: se você for se dedicar a uma dessas faxinas e não quer correr o risco de não saber encaminhar essas “tralhas espirituais”, atenção então à algumas premissas básicas…
- Antes de tudo, faça uma oração de preparação e abertura dessa dedicação que pretende fazer. Limpezas espirituais são trabalhos como qualquer outro e requer a mesma harmonização e equilíbrio da sua parte como qualquer atividade ritualística que queira desenvolver. Com abertura e fechamento desse círculo de trabalho.
- Na porta principal, de entrada, por onde entra e sai tudo de sua casa, do lado esquerdo, acenda uma vela branca e coloque um copo de água ao lado (quem gosta de incenso, pode deixar um de descarga e purificação ali também). Dedique essa vela para as equipes espirituais (divindades, santos, deuses, deidades, o que for de sua devoção) que agem na condução das almas. Que sejam responsáveis pelo encaminhamento dos que já se foram, mas que ainda se encontram vagando, perdidos pela Terra. Peça para que possam acolher aqueles que, por ventura, forem retirados de seu lar. Que se desprendem do ambiente a medida que lhes são retirados o alimento energético e vibracional para se manterem ali.
- E, acima de tudo, torça por elas!! Torça para que elas possam, realmente, encontrar seus caminhos de evolução e crescimento, longe da sua casa e de sua família. Saibam que a vela acesa é uma forma de você mostrar uma luz para que esses seres achem seu caminho. A água é o campo que sustenta a emanação, já que é o solvente universal e um excelente condutor de energia. É o copo de água ali que vai sustentar toda a irradiação que você projetou nessa firmeza durante toda a limpeza.
Feito isso, ai sim você pode lançar mão da sua limpeza de preferência. Contudo, saiba que cada elemento trabalha com seu próprio fundamento. Não tente sair misturando todas as opções acima se não souber exatamente o que está fazendo, como está fazendo e em que ordem deve fazer. Na dúvida, escolha uma só e entregue tudo de si naquele recurso escolhido. Siga a regra de ouro de iniciar sua limpeza dos fundos para frente. É importante essa direção, porque você promove uma retirada do que está mais impregnado e a encaminha para a porta de saída, sem possibilidade de volta.
Lá, quando os fluídos e os seres que se alimentam dessas cargas chegarem na sua parta de saída, elas encontrarão a firmeza que você assentou no chão, do lado esquerdo, irradiando um verdadeiro campo vibracional que servirá de abrigo e acolhimento daqueles que não tem onde ficar. E aqueles que você dedicou a emanação dessa energia de condução e encaminhamento serão os responsáveis por receber essas descargas e levá-las para onde devem estar, de fato. Podendo deixar, assim, sua casa e sua família longe de retorno desses velhos conhecidos.
Por isso, não se esqueçam!
Seja você adepto ao reconstrucionismo egípcio, grego, celta, devoto de religão afro-brasileira, cristão e outros… Não esqueça de Anúbis, Hermes e Hécate Psicopompos, Morrighan, Omolú, Obaluayê ou do divino espírito santo!! Em todo panteon, em todas as culturas e culto, sempre haverá aquele que coloca a mão na coisa morta para encaminhá-la de volta ao lugar dela… fato!
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