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Atualizações Lunares

Semana de lua nova… Lua Negra!
E eu cá em plena lunação* do arcano XVIII – La Luna!!

(* nota explicativa: para quem não conhece esse conceito, lunação é a prática de escolher uma ou mais carta de algum oráculo – no meu caso, o tarô – para revelar, instruir e observar sua manifestação em sua vida ao longo de um determinado período – de novo: um mês. Entre uma lua cheia e outra. Mas isso falaremos melhor em um novo post, no futuro).

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Acredito que essas duas energias em sinergia trouxeram um impulso criativo muito forte para retomar minhas postagens neste blog. Algo como uma inspiração do intelecto instintivo que nos guia na vida, sabem como é? Pois é. Lembrei-me de uma proposta de estudo que seguia ” a long times ago” junto com minha Sorella (irmã) Strega, quando trabalhávamos feitiçaria juntas e, com base nela, resolvi sistematizar uma relação de 4 grandes editorias (ou assuntos) de postagens para o blog.

A partir de hoje, vou tentar me organizar para publicar pelo menos um post por semana sobre diferentes tipos de temas que estejam subclassificados em um dos 4 subgrupos por mim definidos abaixo:

  • Semana da lua nova: temas ligados a Stregheria e ao Ocultismo
  • Semana da lua crescente: temas  ligados a fitomagia e práticas
  • Semana da lua cheia: temas ligados a crenças e deidades
  • Semana da lua minguante: temas ligados a desconstrução de mitos e pre-concepções

Note que não por acaso, cada assunto está intimamente ligado a atmosfera energética proporcionado por cada fase lunar. E, em cada face da própria Deusa Hécate:

  • Semana da lua nova: Hécate em sua totalidade tríplice
  • Semana da lua crescente: Hécate em sua face donzela
  • Semana da lua cheia: Hécate em sua face mãe
  • Semana da lua minguante: Hécate em sua face anciã

Espero de coração que todos curtam e que eu possa não perder o fio da meada nesse cronograma. Que eu consiga subir todos os posts e estudos que eu sempre sonho em ter tempo para fazer e que só hoje eu resolvi testar para ver se dou conta.

Peço a colaboração de todos, listando abaixo, temas de cada um desses 4 grandes grupos de assuntos acima listados para que eu possa – na medida do possível – atender e me inspirar nas sugestões de todas!!!

Que Hécate Enódia (protetora dos caminhos) possa me guias nessa nova jornada!

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Seu chamado!

imageCom os anos de fé, culto e dedicação a Hécate, pude constatar algo fundamental em seus domínios: o silêncio

Como senhora dos mistérios, dona do trânsito por onde circula o ciclo da vida, na qualidade de protetora e madrinha rígida das portas, portões e dos lares, Hécate se faz muito presente em sua ausência. Diz muito sem o menor som. O que eu chamado de “silêncio profundo em estar”. Ainda mais quando este se transforma numa espécie de bastidores do existir.

Exemplo: este blog! No começo, a ânsia por saber, a necessidade de sistematizar o conhecimento adquirido em ideias mais elaboradas e contundentes e, sobretudo, a rapidez com que o binômio ‘saber e conhecer’ logo suscitavam novas ânsias por saber e mais necessidades ainda de sistematizar esse conhecimento adquirido em novas idéias, como um ciclo virtuoso sem fim. Eis o que movia todo o meu gás e energia para a atualização e registro desse viver no blog.

Com o tempo, esse “silêncio profundo em estar” foi deixando os ‘bastidores do existir’ para entrar definitivamente em cena. No palco da minha vida, sua presença foi tomando tamanha força e voracidade que, de mero elemento coadjuvante de culto a Deusa, o absoluto silêncio se transformou no principal protagonista de sua dedicação… e a fé imensa e gigantesca em Hécate – onipresente e onisciente – ganhou invariavelmente a forma material e palpável no justo momento em que calei todo e qualquer fazer seu.

E neste ponto eu pensava: caramba! Será que devo então deletar o blog. Esquecer essa idéia e parar de me cobrar atualizações periódicas????

Foi quando senti e ouvi pela segunda vez na vida o tal “chamado” de Hécate. Nela, Hécate parecia me convocar a simplesmente seguir em frente. Fosse do jeito que fosse, mais importante do que os moldes e formatos de culto e dedicação (claro que eles são fundamentais!!!) o prosseguir, caminhar e não interromper seu trânsito e fluxo natural da vida e do destino era o mais relevante e indispensável em seus domínios… Afinal, como deusa tríplice, as faces de donzela, mãe e anciã só se dão se prosseguir seu fluxo natural da vida. Ela não é – dentre muitos epítetos – a senhora das estradas, caminhos e encruzilhadas? Então! No seu chamado compreendi que parar faz parte do ato de caminhar, tal qual o som precisa de pausa pra ser música. O não andar (que neste caso é bem diferente do que o estar parado) é que foge do seu caráter típico de trânsito e movimentação.

Portanto, cá estou! Agora, aos poucos, voltando a caminhar. Depois de 1 ano e praticamente 10 meses parada, transformei o meu não caminhar em apenas uma longa parada para poder prosseguir.

Espero encontrar companhias agradáveis nesse caminhar… Portanto, a quem por aqui passar e se identificar, será super bem-vindo ao mesmo chamado de Hécate!


13/08 é o dia d’Ela

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Há 5 anos, em cada 13/08, eu celebro o dia d’Ela…

Cada qual do seu jeito, com sua forma…
Esse ano porém, há um gosto especial no ar: um ano, o 1º ano, após me confirmar dentro de seu domínio, consagrando como sendo sua. Quando atinjo, enfim, sua face que mais e melhor me vestiu todos esses anos de trânsito: a de mãe!

Hoje, diante de todos os passos trilhados, frente a tantos véus revelados, cá estou eu, curvada em seu louvor, entregue às suas esferas sagradas de irradiação… A donzela, sirvo-lhe de vinho. A mãe, leite (já que agora sou eu que me entrego a amamentação). A anciã, água cristalizada, com a sabedoria de quem já domina os encantos de magia. No entorno, suas tochas, com três das suas significativas representações para mim. Incenso de mirra. Vela no caldeirão. E o imenso sentimento de plenitude e devoção no coração..

Saúdo-te Hécate Compadecida.
Imaculada Trívia.


O Tarantismo

Com ajuda de um estudo compartilhado com minha sorella Inês, do blog Cerealia, quis veicular esse tema aqui, visto que o transe e as tradições populares representaram um importante cerne de fundamentação e vivência entre muitas correntes de bruxaria italiana.

VÍDEOhttp://www.youtube.com/watch?v=igUTPVPdA-E&feature=player_embedded

[Estou disponibilizando o link porque não estou conseguindo incorporar o player]

Segundo as Wikis, tarantismo ou tarantolismo era considerado um fenômeno histérico convulsivo, de uma antiga cultura popular da Itália meridional, especialmente em La Puglia (onde ainda existe) e parece ter sido mais forte no fim da Idade Média.

Provocado pela mordida de uma aranha taranta (provavelmente de onde veio o nome da cidade de Taranto, cujo território ainda hoje está presente o aracnídeo, da espécie tarantola mediterranea Ischnocolus), o tarantismo comportaria uma condição de mal-estar geral, com sintomas semelhantes a epilepsia (ofuscamento o estado de consciência e turvação emocional).

Assim, conforme a lenda, a picada da tarântula desencadeava a crise histérica e o único jeito para sair da crise seria uma dança purificadora, “a taranta”, considerada uma rito de possessão profana. De acordo com a pesquisa feita por uma grande strega, sorella mia, as mulheres eram mais propensas às picadas, porque as aranhas habitavam as plantações de trigo, que eram cuidadas, em sua maioria, por mulheres. “Quando em transe, as mulheres possuídas nas tarantas se comportavam de maneira obscena, fazendo uma dança de forte cunho sexual. Como não se conseguia inibir completamente a prática, a Igreja relacionou-a com São Paulo, que protege as pessoas que foram picadas por animais venenosos”, diz seu estudo.

Da  possessão do tarantismo surge uma forma musical chamada pizzica ou tarantella, que com o passar dos anos, foi se descaracterizando com o fenômeno de origem, perdendo o vínculo com crença popular e ganhando, assim, sua própria existência. Hoje é possível afirmar que existem resquícios dessa prática na área de Salento e em algumas províncias como Lecce, Brindisi, Bari, Matena e em Taranto.

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Minha forja de início

Muitas são as formas de resgatar, ao menos em parte, as verdades que carregamos na alma… E, para mim, uma delas está no enigma do que fomos, somos e que, juntos, moldam o que seremos quanto identidade e personalidade. Eis o Mito de uma Era, onde o Divino e o Profano não se distinguiam e a Arte embalava as aspirações de Mulheres que, até hoje, de geração em geração, continuam escrevendo e compondo suas histórias, com suas marcas e suas convicções, em busca de um ideal. Vídeo que marcou o gatilho de uma imensa viagem ancestral, em torno do meu sagrado ofício de Mistério e Condução.

Créditos:  (via @youtube)


Várias faces ancestrais

Escolhi esse tema do Mosaico de Reflexões, grupo de blogagem coletiva, para inaugurar o meu espaço no tumblr. E como strega, filha de Hécate, o assunto não poderia vir mais a calhar: ANCESTRALIDADE, o fio que nos faz parte de um todo!

Para mim a verdade é essa: minha ancestralidade tem muitas faces. Ela se molda pelas nuances conjuntas de forças ctônicas, ligadas a terra, a minha natureza e suas próprias raízes. Ora ela reflete minha Stregoneria familiar, que prima por resgatar costumes, linhagens e tradições que constituem esse barro primordial do que sou feita.

Ora ela me traz com toda força a minha veia como umbandista, porque a Umbanda é uma religião fundamentada na ancestralidade dessa terra, que colhe da miscigenação entre brancos, índios e negros o fruto fecundo de nossa identidade como brasileiros. E, nesse sentido, acho que não há força primordial mais maternal, acolhadora e sincrética quanto a própria essência de Umbanda Sagrada.

Da Umbanda, eu desaguo nas minhas mães d’águas e dessa essência de ar e água que permeia meu íntimo. De Iemanjá a Oxum, passando por Nossa Senhora Aparecida e Santa Sara Kali (padroeira da linhagem cigana que me acompanha e cuida de mim). Sem esquecer dos meus genes indígenas, que me faz filha de pajelanças, senhora dos caminhos de Yara e das práticas xamânicas.

No fim, depois de rodar por todas essas faces, reconheço – de fato – a fisionomia de três faces familiares, de laço co-sangüíneo, que sintetizo essa herança ancestral.

A donzela é minha sobrinha, a coisa mais linda desse mundo. Ela se chama Maria Alice, de 3 anos, obediente aos seus instintos, expressiva em seus ensaios de comunicação intensa em momentos de ternura e ingenuidade. Atualmente, Maria Alice é a terceira das três marias da minha família. A segunda sou eu, é claro, Maria Carolina. Que hoje transito entre a esposa, atia e, quem sabe um dia, mãe. Já a vovó Bete, que também é minha mãe, Maria Elisabete, com quem herdo todos os pilares da minha formação humana, moral e política.

E, com ela, a maternidade compartilhada com minha tia Nininha (que ajudou minha mãe a cuidar de mim e foi a responsável por tantos legados que adquirir com ela, desde as brincadeiras com costura, a cozinha e o espírito e a essência familiar) quanto com minha mãe italiana postiça (que formou uma linda parte do meu desabrochar de menina para mulher e esse pé no Mediterrâneo, sob o sol do Largo de Garda e o norte da Itália).

Por isso, quando penso nas três marias, nos meus três modelos de mães-mulheres, quando penso nas minhas 3 irradiações de espiritualidade feminina, no tríplice cordão que faz parte desse todo, colho dessa raiz ancestral certos aprendizados que só vamos adquirir na vivência de nossos próprios mitos particulares, em nossas próprias forjas de início. E, claro, temperar esse delicioso caldeirão de nossas origens.

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